A natureza do Buddha
CAPÍTULO 2 - DIFERENTES PERSPECTIVAS SOBRE O BUDDHA
A natureza do Buddha
Th.5 Um Buddha é simplesmente um ser humano?
A introdução à passagem Vi. 38 refere-se às “32 características de um grande homem”, que um Buddha e um monarca universal, “girador da roda” são vistos como possuindo. Isso mostra que até mesmo o corpo físico de um Buddha é visto como maravilhoso, e como sendo karmicamente influenciado por suas perfeições construídas ao longo de muitas vidas. Nesta passagem marcante, alguém vê uma das 32 características de um grande homem na pegada do Buddha, e pensa que tal ser não pode ser humano. Ele então encontra o Buddha e pergunta-lhe se ele seria um deidade, um músico divino, um espírito da natureza ou um ser humano. O Buddha diz que ele não é nenhum destes (e também não tem vidas futuras em que ele seria qualquer um deles), mas, estando acima do mundo em que ele se desenvolveu, ele é, precisamente, um Buddha.
Então, Doṇa, seguindo as pegadas do Bem-Aventurado, viu-o sentado na raiz da árvore: gracioso, com confiança inspiradora, com faculdades pacíficas e mente pacífica, tendo alcançado o máximo controle e tranquilidade, (como) um elefante-touro domesticado e com seus sentidos contidos.
Ao vê-lo, ele foi até ele e disse: “Senhor, você seria uma deidade?” “Não, brāhmaṇa, eu não serei 1 uma deidade. “Você seria um músico divino?” “Não, brāhmaṇa, não serei um músico divino”. “Você seria um espírito da natureza?” “Não, brāhmaṇa, eu não serei um espírito da natureza”. “Você seria um ser humano?” “Não, brāhmaṇa, não serei um ser humano”.
“… Então o que você seria?” “Brāhmaṇa, as inclinações intoxicantes pelas quais - se não fossem abandonadas - eu seria uma deidade: elas são abandonadas por mim, sua raiz destruída, tornadas como um coto de palmeira, privadas das condições de desenvolvimento, não destinadas a surgir no futuro. As inclinações intoxicantes pelas quais - se não fossem abandonados - eu seria um músico divino … um espírito da natureza … um ser humano: elas são abandonadas por mim, sua raiz destruída, tornadas como um coto de palmeira, privadas das condições de desenvolvimento, não destinadas a surgir no futuro.
Assim como uma flor de lótus vermelha, azul ou branca que, embora nascida na água, crescida na água, subindo acima da água, permanece sem ser suja pela água, da mesma maneira, embora nascido no mundo, crescido no mundo, eu superei o mundo e vivo sem ser maculado pelo mundo. Lembre-se de mim, brāhmaṇa, como um Buddha (desperto).
Doṇa Sutta: Aṅguttara Nikāya II.37–9, trad. P.H.
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O questionador pergunta usando o tempo futuro, mas em um uso educado no sentido de “você poderia ser?”; o Buddha responde negativamente, usando o mesmo verbo, mas em seu sentido literal, relacionando isso a possíveis vidas futuras. No entanto, o paralelo chinês à passagem apenas usa o tempo presente. ↩︎