☸ Tipitaka - a riqueza do Cânone em suas mãos

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A vida ascética de rigorosa autonegação

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CAPÍTULO 1 - A VIDA DO BUDDHA HISTÓRICO

A vida ascética de rigorosa autonegação

Na próxima fase de sua busca espiritual, Gotama tentou outro método disponível para o desenvolvimento espiritual: a tentativa de pela vontade obter a maestria do corpo e de seus desejos, por meio de tais coisas como jejum e segurar a respiração por longos períodos. Como será visto, mais tarde ele criticará tais coisas.

Vi.12 O extremismo de seu ascetismo

Nesta passagem, o Buddha descreve como praticou os quatro modos de vida austera que eram então comuns, e são ainda praticados por alguns ascetas indianos não buddhistas.

Sāriputta, eu me lembro de viver uma vida santa consistindo de quatro fatores: fui um asceta, um supremo asceta; fui despenteado, supremamente despenteado; fui escrupuloso, supremamente escrupuloso; fui recluso, supremamente recluso.

Sāriputta, minha prática do ascetismo era tal que andava nu, rejeitava convenções, lambia minhas mãos, não parava quando requisitado. Não aceitava comida oferecida, comida especialmente preparada ou um convite para uma refeição; nada recebia de uma panela, de uma tigela, através de um umbral, diante de um cajado, diante de um pilão, de dois comendo juntos, de uma mulher grávida, de uma mulher amamentando, de uma mulher deitada entre homens, de onde comida era anunciada que seria distribuída, de onde um cão estava à espera, de onde moscas voavam ao redor. Não aceitava peixe ou carne, não bebia licor, vinho ou bebidas fermentadas.

Eu mantinha a prática de uma casa, um bocado 1; eu mantinha a prática de duas casas, dois bocados; eu mantinha a prática de três casas, três bocados; eu mantinha a prática de quatro casas, quatro bocados; eu mantinha a prática de cinco casas, cinco bocados; eu mantinha a prática de seis casas, seis bocados; eu mantinha a prática de sete casas, sete bocados.

Eu vivia de alimento vindo de um doador, de dois doadores, de três doadores, de quatro doadores, de cinco doadores, de seis doadores, de sete doadores; eu comia uma vez por dia, uma vez a cada dois dias, uma vez a cada três dias, uma vez a cada quatro dias, uma vez a cada cinco dias, uma vez a cada seis dias, uma vez a cada sete dias; e assim até uma vez a cada duas semanas, eu permanecia com a prática de comer em intervalos pré-definidos.

Eu era um comedor de verduras, um comedor de milheto, um comedor de arroz selvagem, um comedor de retalhos de couro, um comedor de musgo, um comedor de farelo de arroz, um comedor de espuma de arroz, um comedor de farinha de gergelim, um comedor de grama, um comedor de esterco. Eu vivi de raízes e de frutos da floresta; alimentei-me de frutos caídos.

Vestia-me com cânhamo, com tecidos misturados com cânhamo, com mortalhas, com trapos rejeitados, com couro de antílope, com retalhos de couro de antílope, com panos de grama kusa, com panos de casca, com panos cortados de raspas de madeira, com lã feita de cabelos, com lã de animais, com penas de coruja.

Eu era alguém que arrancava os cabelos e a barba 2, realizando a prática de arrancar os cabelos e a barba.

Eu era alguém que ficava em pé continuamente, rejeitando assentos. Eu era alguém que ficava acocorado continuamente, dedicado a me manter na posição de cócoras. Eu era alguém que usava um colchão de pregos; tornei um colchão de pregos minha cama.

Vivia realizando a prática do banho (ritual) em água (fria) três vezes por dia incluindo de noite.

Assim, em tal variedade de maneiras, vivi realizando a prática de tormento e mortificação do corpo. Sāriputta, tal era minha prática do asceticismo.

Sāriputta, minha intenção em me manter desarrumado era tal que assim como um um tronco de uma árvore tindukā, com o passar dos anos, endure e descama, assim também, poeira e sujeira, com o passar dos anos, endureceu meu corpo e o descamou. Nunca me ocorreu: “Deixe-me esfregar esta poeira e sujeira com minha mão ou que outro esfregue esta poeira e sujeira com sua mão”. Sāriputta, tal era minha prática de me manter desarrumado.

Sāriputta, minha prática escrupulosa era tal que eu sempre estava vigilante quando pisava para frente e pisava para trás. Eu era cheio de dó com relação a uma gota de água 3 assim: “Que eu não fira as minúsculas criaturas nas fendas do solo”. Sāriputta, tal era minha prática escrupulosa.

Sāriputta, minha prática de reclusão era tal que eu adentrava em alguma floresta e lá vivia. E quando via um vaqueiro ou um pastor, alguém catando grama, gravetos ou madeira, eu fugia de bosque a bosque, de mata a mata, de buraco a buraco, de morro a morro. Por que isso? De maneira que eles não me vissem e eu não os visse.

Sāriputta, assim como um cervo nascido na floresta, ao ver seres humanos, foge de bosque a bosque, de mata a mata, de buraco a buraco, de morro a morro, assim também, quando eu via um vaqueiro, um pastor ou alguém catando grama, gravetos ou madeira, eu fugia de bosque a bosque, de mata a mata, de buraco a buraco, de morro a morro. Sāriputta, tal era minha prática reclusa.

Sāriputta, eu andava de quatro até os currais depois que o gado partia e o vaqueiro o deixava, e me alimentava de estrume dos bezerros jovens que ainda mamavam. Sāriputta, tanto quanto duravam meu próprio excremento e urina, eu me alimentava de meu próprio excremento e urina. Sāriputta, tal era minha prática de grande distorção em relação ao comer.

Sāriputta, mergulhei em um bosque assustador e habitei ali: um bosque tão assustador que normalmente faria o cabelo de um homem se levantar se ele não estivesse livre da paixão.

Sāriputta, quando aquelas noites frias de inverno chegavam durante o intervalo de oito dias de geada, eu habitava de noite ao ar livre e de dia no bosque. No último mês da estação quente eu vivia de dia ao ar livre e de noite no bosque.

Sāriputta, veio a mim espontaneamente este verso nunca ouvido antes:

O sábio se empenhou na busca, foi aquecido e refrescado, sozinho no bosque assustador, nu, sem fogo para se sentar ao lado.

Sāriputta, eu fiz minha cama em um sepulcro apoiado em um esqueleto.

Sāriputta, jovens vaqueiros apareceram e cuspiram em mim, urinaram em mim, atiraram terra em mim, e espetaram varetas nos meus ouvidos. Sāriputta, ainda assim não me lembro de jamais surgir uma mente maligna de ódio contra eles. Sāriputta, tal era a minha permanência na equanimidade.

Mahā-sīhanāda Sutta: Majjhima Nikāya I.77–79, trad. G.A.S.

Vi.13 A dor em vão

Nesta passagem, o Buddha explica que, antes de seu período de extremo ascetismo, ele compreendeu que o despertar não era possível para aqueles praticantes religiosos que ainda estavam apegados aos prazeres sensoriais. Tendo compreendido que ele teria que evitar os prazeres sensoriais, ele então se engajou em muitos tipos de práticas ascéticas extremas. Entretanto, embora isso houvesse desenvolvido grande energia e vigilância, e a dor física surgida não afetasse sua mente, isso também trouxe exaustão corporal, e ele compreendeu que isso não levaria ao despertar.

“Nunca surgiu em você, Venerável Gotama, um sentimento tão agradável que pudesse invadir sua mente e permanecer? Nunca surgiu no Venerável Gotama um sentimento tão doloroso que pudesse invadir sua mente e permanecer?”

“Aggivessana, buscando o que é saudável, buscando o estado supremo de paz sublime, vaguei por etapas pelo país de Magadha até finalmente chegar a Uruvelā perto de Senānigama. Lá eu vi um agradável pedaço de terra, um bosque delicioso com um rio de fluxo claro com margens agradáveis e suaves, e perto de uma aldeia para pedir o alimento. Aggivessana, eu considerei: “Agradável é este pedaço de terra; delicioso é o bosque com um rio de fluxo claro, com margens agradáveis e suaves, e perto de uma aldeia para pedir o alimento. Este lugar servirá de fato para o esforço (prática espiritual) de um homem de clã com a intenção de se esforçar”. Aggivessana, sentei-me lá com o pensamento: “Isso servirá para o esforço”.

Aggivessana, agora essas três semelhanças me ocorreram de modo espontâneo, nunca ouvidas antes. [Ou seja, assim como um pedaço de madeira úmida ou submersa não pode ser acesa com uma tocha de fogo, mas um seco pode ser acesa, assim apenas] aqueles renunciantes e brāhmaṇas 4 que vivem retirados fisicamente dos prazeres sensoriais, e cujo desejo sensual, afeto, paixão, sede e febre por prazeres sensoriais foram totalmente abandonados e suprimidos internamente, quer eles sintam ou não sensações dolorosas, torturantes, perfurantes devido ao esforço, eles são capazes de conhecer e ver e do despertar supremo. …

Aggivessana, eu considere: ‘Suponha que, com meus dentes cerrados e minha língua pressionada contra o céu da boca, eu bata, amasse e esmague a mente com a mente?’ Aggivessana, então com meus dentes cerrados e minha língua pressionada contra o céu da boca, eu bati, amassei e esmaguei a mente com a mente. Aggivessana, enquanto assim fazia, o suor corria das minhas axilas. Aggivessana, assim como um homem forte poderia agarrar um homem mais fraco pela cabeça ou pelos ombros e batê-lo, amassá-lo e esmagá-lo, assim também, com meus dentes cerrados e minha língua pressionada contra o céu da boca, eu bati, amassei e esmaguei a mente com a mente, e o suor correu das minhas axilas.

[Refrão:] Aggivessana, embora energia incansável tivesse sido despertada em mim e a vigilância contínua tivesse sido estabelecida, meu corpo estava sobrecarregado e tenso porque eu estava exausto pela dolorosa luta. Mas tal sentimento doloroso que surgiu em mim não invadiu minha mente nem permaneceu.

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pratique a meditação sem respirar?’ 5 Então eu parei as inspirações e as expirações pela boca e pelo nariz. Aggivessana, enquanto assim fazia, havia um som alto de ventos saindo dos meus ouvidos. Aggivessana, assim como há um som alto quando o fole de um ferreiro é soprado, assim também, enquanto eu parava as inspirações e as expirações pelo nariz e ouvidos, havia um som alto de ventos saindo dos meus orifícios das orelhas. … [Refrão]

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pratique ainda mais a meditação sem respirar?’ Então eu parei as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. Enquanto assim fazia, ventos violentos cortavam minha cabeça. Aggivessana, assim como se um homem forte estivesse pressionando contra a minha cabeça a ponta de uma espada afiada, assim também, enquanto eu parava as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos, ventos violentos cortavam minha cabeça. … [Refrão]

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pratique ainda mais a meditação sem respirar?’ Então eu parei as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. Enquanto assim fazia, ventos violentos cortavam minha cabeça. Aggivessana, como se um homem forte apertasse uma tira dura de couro dura em volta de minha cabeça como uma banda, assim também, enquanto eu parava as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos, dores violentas cortavam minha cabeça. … [Refrão]

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pratique ainda mais a meditação sem respirar?’ Então eu parei as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. Enquanto assim fazia, ventos violentos cortavam minha barriga. Aggivessana, como se um hábil açougueiro ou seu aprendiz cortasse a barriga de um boi com uma afiada faca de açougueiro, assim também, enquanto eu parava as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos, ventos violentos cortavam minha barriga. … [Refrão]

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pratique ainda mais a meditação sem respirar?’ Então eu parei as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. Enquanto assim fazia, uma queimação violenta ocorria em meu corpo. Aggivessana, como se dois homens fortes agarrassem um homem fraco por ambos os braços e o assasse sobre um poço de brasas quentes, assim também, enquanto eu parava as inspirações e as expirações pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos, uma queimação violenta ocorria em meu corpo. … [Refrão]

Aggivessana, agora as deidades que me viram disseram: ‘O renunciante Gotama está morto’. Algumas deidades disseram: ‘O renunciante Gotama não está morto, ele está morrendo’. E outras deidades disseram: ‘O renunciante Gotama não está morto nem morrendo; ele é um arahant (o valoroso), pois tal é a maneira como os arahants vivem’.

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pratique eliminar inteiramente os alimentos?’ 6 Então as deidades vieram até mim e disseram: ‘Senhor, não pratique eliminar inteiramente os alimentos. Se fizer isso, nós iremos infundir comida celestial nos poros de sua pele e isso irá sustentá-lo’. Aggivessana, eu considerei: ‘Se eu declarar estar em jejum completamente enquanto essas deidades infundem comida celestial nos poros de minha pele e isso me sustentar, então eu estarei mentindo’. Então eu dispensei tais deidades, dizendo: ‘Não há necessidade’.

Aggivessana, eu considerei: ‘Suponha que eu pegue muito pouca comida, um punhado de cada vez, seja de sopa de feijão, sopa de lentilha, sopa de ervilhaca ou sopa de ervilha?’ Então eu peguei muito pouca comida, um punhado de cada vez, seja de sopa de feijão, sopa de lentilha, sopa de ervilhaca ou sopa de ervilha. Enquanto fazia assim, meu corpo atingiu um estado de extremo emagrecimento. Por comer tão pouco: meus membros se tornaram como os segmentos articulados de hastes de videira ou hastes de bambu; minha parte traseira tornou-se como um casco de camelo; as projeções na minha espinha se levantaram como contas de um colar; minhas costelas progrediram como as vigas tortas de um velho celeiro sem telhado; o brilho dos meus olhos afundou muito abaixo de suas bases, parecendo como o brilho da água que afundou muito em um poço profundo; meu couro cabeludo enrugou e murchou como uma cabaça verde amarga que enruga e murcha no vento e sol.

Aggivessana, por comer tão pouco, a pele de minha barriga aderiu à minha espinha dorsal; assim, se eu tocasse a pele de minha barriga, encontraria minha espinha dorsal e se tocasse minha espinha dorsal, encontraria a pele de minha barriga. Aggivessana, por comer tão pouco, se eu defecasse ou urinasse, cairia sobre isso. Aggivessana, por comer tão pouco, se eu tentasse aliviar meu corpo esfregando meus membros com minhas mãos, o cabelo, apodrecido em suas raízes, cairia do meu corpo enquanto o esfregava.

Aggivessana, agora as pessoas que me viram disseram: ‘O renunciante Gotama é preto’. Algumas pessoas diziam: ‘O renunciante Gotama não é preto; ele é marrom’. Outras pessoas disseram: ‘O renunciante Gotama não é preto, nem marrom; ele é de pele dourada’. Aggivessana, foi assim que a cor clara e brilhante de minha pele havia se deteriorado por comer tão pouco.

Aggivessana, eu considerei: ‘O que quer que os renunciantes e brāhmaṇas no passado experimentaram de sensações dolorosas, torturantes e perfurantes devido ao esforço, isto é o máximo; não há nada além disto. E o que quer que renunciantes e brāhmaṇas no futuro experimentem de sensações dolorosas, torturantes e perfurantes devido ao esforço, isto é o máximo; não há nada além disto. E o que quer que renunciantes e brāhmaṇas no presente experimentem de sensações dolorosas, torturantes e perfurantes devido ao esforço, isto é o máximo; não há nada além disto.

Mas, com esta prática torturante de austeridades, não obtive nenhuma distinção sobre-humana em termos de conhecer e ver, dignos dos nobres. Poderia haver outro caminho para o despertar?

Mahā-saccaka Sutta: Majjhima Nikāya I.240–246, trad. G.A.S.

Vi.14 Recusando a tentação de Māra

Nesta passagem, a deidade-tentadora Māra (também conhecida como Namucī e Kaṇha; veja IVi.5 e 7) se aproxima de Gotama (não ainda um Buddha) no final de seu período ascético, incentivando-o a abandonar seu estilo de vida renunciante, e a retornar à vida laica normal pela qual ele poderia gerar karma benéfico por meio dos sacrifícios brahmânicos. Gotama, porém, diz que ele não tinha mais necessidade de qualquer karma benéfico (não que fazer sacrifícios acrescentaria a isso), e que ele estava na direção de atingir o despertar e ensinar a muitos discípulos. Ele tem as cinco faculdades da fé, vigor, vigilância, concentração meditativa e sabedoria, e conquistará o “exército” de Māra das falhas morais e espirituais.

Dedicado ao esforço, enquanto meditava perto do rio Nerañjarā, fazendo um grande esforço, para alcançar a segurança em relação à escravidão,

Namucī se aproximou de mim, proferindo palavras aparentemente compassivas!: “Você está magro, com má aparência; a morte se aproxima de você.

Há mil partes de morte em você; apenas uma parte de você é vida. Viva, senhor, viver é melhor. Se você viver, fará um karma benéfico.

Praticando a vida santa e realizando o sacrifício do fogo, você poderia amontoar um karma muito benéfico. O que você quer com o esforço?

O caminho para o esforço é difícil de percorrer, difícil de executar, difícil de alcançar”. Dizendo tais versos, Māra ficou perto do Buddha.

A Māra, que falou assim, o Bem-Aventurado disse o seguinte: “Parente do negligente, maligno, você veio aqui com seu próprio propósito.

Não tenho nem a menor necessidade de (mais) karma benéfico; Māra deveria falar com aqueles que têm a necessidade disso.

Fé, vigor e sabedoria se encontram em mim. Por que você me pergunta, este que é assim dedicado a se esforçar, a respeito da vida?

Este vento secaria até as correntes dos rios; por que não secou o meu sangue, de alguém que é dedicado ao esforço?

Quando meu sangue se seca, então a bile e a fleuma se secam. Quando a carne se gasta, a mente fica mais clara, e ainda mais minha vigilância, sabedoria e concentração meditativa permanecem firmes.

Enquanto vivo assim, tendo atingido o sentimento mais alto, minha mente não tem consideração por prazeres sensoriais. Veja o estado puro de um ser.

Os prazeres sensoriais são o seu primeiro exército; o descontentamento é chamado de segundo; seu terceiro é a fome e a sede; o quarto se chama desejo sedento.

O torpor e a letargia são o seu quinto; o sexto se chama medo; seu sétimo é a dúvida vacilante; a hipocrisia e a obstinação são o seu oitavo.

Ganho, reputação, honra e qualquer fama que seja falsamente recebida, e quem quer que ao mesmo tempo se exalta e menospreza os outros, esse é o seu exército.

Namucī, essa é a força de ataque de Kaṇha. Aquele que não é um herói não pode conquistá-lo, mas, tendo conquistado, obtém-se a felicidade.

Devo usar grama muñja? 7 Já tive o suficiente de vida aqui. A morte em batalha é melhor para mim do que ser conquistado e viver.

Mergulhados nesta batalha alguns renunciantes e brāhmaṇas não são vistos, e eles não conhecem a estrada pela qual seguem aqueles com bons votos.

Vendo o exército todo ao redor, e Māra com seus elefantes, eu sairei para a batalha. Não me tire de meu lugar.

Aquele seu exército que todo o mundo, com as deidades, não pode derrotar, eu vencerei com a sabedoria, como se quebrasse com uma pedra um pote que não passou pelo forno.

Colocando meus pensamentos sob controle, tornando minha atenção plena bem estabelecida, vagarei de reino em reino, treinando muitos discípulos.

Colocando meus pensamentos sob controle, tornando minha vigilância bem estabelecida, vagarei de reino em reino, treinando muitos discípulos.

Aqueles vigilantes e dedicados intérpretes dos meus ensinamentos, apesar de você, irão para onde, tendo ido, não se lamentarão”.

(Māra:) Por sete anos segui o Bem-Aventurado passo a passo. Eu não obtive uma oportunidade contra o Buddha perfeitamente despertado que possui vigilância.

Uma vez vi um pássaro circulando uma pedra que parecia gordura, pensando: ‘Talvez encontremos algo macio aqui; talvez haja algo doce’.

Não obtendo nada doce, o pássaro foi embora de lá. Como o corvo que atacou a pedra e ficou desanimado, nós, depois de atacar Gotama e ficarmos desanimados, iremos embora’.

Superado pela tristeza, o alaúde caiu da axila de Māra, e esse espírito desencorajado desapareceu naquele mesmo lugar.

Padhāna Sutta: Sutta-nipāta 425–449, trad. G.A.S.


  1. Ou seja, ir apenas a uma casa e receber apenas um bocado de comida. ↩︎

  2. Monges jainistas ainda fazem isso, enquanto que monges buddhistas os raspam. ↩︎

  3. Da mesma maneira, os jainistas veem a vida presente por todos os lugares. ↩︎

  4. Veja IVi.2, acima. ↩︎

  5. Uma forma de meditação não-buddhista envolvendo prender a respiração. ↩︎

  6. Abstinência de comida, uma prática não-buddhista. ↩︎

  7. Um sinal de rendição. ↩︎


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