☸ Tipitaka - a riqueza do Cânone em suas mãos

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Epítetos e qualidades do Buddha

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Epítetos e qualidades do Buddha

**M.1 Explicação dos epítetos do Buddha **

Esta passagem interpreta as qualidades do Buddha encontradas em passagens como Th.1.

\1. O Tathāgata, desde a contemplação das impurezas1 até a realização do perfeito despertar, e desde o estágio de preparação, superou todos os discípulos e buddhas solitários. É por isso que ele é conhecido como o “O Insuperável”.

\2. O Tathāgata, o Bem-Aventurado, ensinou o cultivo da concentração meditativa da vaziez, a concentração meditativa da cessação da percepção e da sensação, as quatro absorções meditativas, o cultivo da amorosidade e da compaixão, os doze laços do surgimento dependente, tudo para o benefício dos seres vivos. O que o Buddha demonstrou é inalterável. É por isso que ele é conhecido como o Tathāgata, “O que Assim Foi”. Além disso, o Buddha primeiro procedeu do estágio de preparação e, em seguida, alcançou o insuperável perfeito despertar. É por isso que ele é conhecido como o Tathāgata, “O que Assim Vem”.2

\3. Como ele alcançou qualidades sutis, maravilhosas, autênticas,3 ele é conhecido como um arhant, um “Valoroso”. Além disso, como ele é digno de ser adorado por todas as deidades e seres humanos, ele é conhecido como um arhant.

\4. Como ele despertou para os dois tipos de realidade, realidade convencional e realidade última, ele é conhecido como um Buddha perfeitamente desperto.

\5. Como ele aperfeiçoou completamente sua disciplina ética, e como ele possui os três tipos de conhecimento, ele é conhecido como aquele que é realizado em conhecimento e conduta.

\6. Como ele certamente nunca nascerá de novo em qualquer forma de existência, ele é conhecido como o Sugata, “O que Seguiu Bem”.4

\7. Como ele tem conhecimento completo dos dois mundos, o mundo dos seres vivos e o mundo físico, ele é chamado de “conhecedor dos mundos”.

\8. Como ele é bem versado na habilidade em meios necessários para treinar e disciplinar os seres vivos, ele é conhecido como aquele que treina as pessoas.

\9. Como ele é capaz de aliviar os seres vivos de seu medo, e de lhes ensinar habilmente o caminho para a liberdade em relação ao sofrimento e para o prazer abençoado, ele é conhecido como o “mestre de deidades e humanos”.

\10. Como ele entende todos os fenômenos e todas as ações, ele é conhecido como Buddha, o Desperto. Além disso, como ele derrotou os quatro tipos de Māra,5 ele é conhecido como o Bhagavā, o Bem-Aventurado.

Upāsaka-śīla Sūtra, Taishō vol.24, texto 1488, cap.16, p.1051b01–b16, trad. T.T.S. e D.S.

M.2 Louvor ao Buddha

Os versos seguintes são de um hino de louvor ao Buddha por um poeta mahāyāna.

1–2. É apropriado para uma pessoa inteligente ir em busca de refúgio àquele que está sempre livre de qualquer falta e que é abençoado com todas as virtudes. É apropriado honrá-lo e louvá-lo e basear-se em seu ensinamento. …

\27. Você não invejou aqueles que estão acima de você, demonstrou desprezo por aqueles abaixo de você ou competiu com seus colegas. Desta forma, você se tornou o mais excelente do mundo.

\28. Você se dedicou às causas das virtudes, não a seus frutos, e através de sua prática perfeita, todas as virtudes se estabeleceram firmemente em você. …

\40. Você obteve a joia do Dharma e, assim, obteve a excelência. Através dessa realização apenas, você é exatamente como aquela joia, e repousa dentro de você. …

\52. Bela, mas tranquila, brilhante, mas não deslumbrante, poderosa, mas quieta, sua forma é sem falhas. …

\56. Onde mais poderiam estas maravilhosas virtudes do Tathāgata residirem do que em sua forma com suas radiantes marcas corporais. …

\58. Todos neste mundo sem exceção estão presos pelas impurezas.6 Para libertar o mundo de suas impurezas, você sempre deve se prender à compaixão.

\59. O que devo elogiar primeiro? Você, ou a sua grande compaixão, que o levou a permanecer no saṃsāra7 ao longo dos tempos, embora você soubesse seus defeitos?

\60. Embora você fosse naturalmente inclinado à solidão, sua compaixão o levou a passar tempo com multidões de pessoas. …

\92. Ouvir você traz satisfação e vê-lo acalma. Suas palavras trazem alegria e seu ensinamento traz emancipação. …

\94. Elogiá-lo remove defeitos, e recordar de você traz deleite. Buscá-lo traz compreensão, e compreendê-lo traz purificação. …

\95. Aproximar-se de você traz boa sorte, e servi-lo traz grande sabedoria. Venerá-lo traz destemor, e honrá-lo é auspicioso.

\96. Purificado pela disciplina ética, acalmado pela meditação, tornado imperturbável pela sabedoria, você é um grande lago de karma benéfico. …

\98. Você é uma ilha para aqueles varridos pelas inundações, proteção para os feridos, um refúgio para aqueles que têm medo de renascer, e um santuário para aqueles que anseiam pela libertação.

\99. Para tudo o que vive, você é digno de oferendas por causa de sua pureza completa, um bom campo, porque você dá fruto,8 e um verdadeiro amigo por causa da ajuda que você dá. …

\113. Exaustão, a perda da felicidade advinda da tranquilidade, a companhia dos tolos, os pares de opostos,9 e multidões de pessoas, você carrega essas dificuldades como se fossem bênçãos.

\114. Você se esforça para beneficiar o mundo com uma mente livre de apego. Que bênção é a natureza búddhica dos Buddhas. …

\116. Você é um poderoso protetor, que suporta o desrespeito a fim de servir os outros, mudando suas roupas e adaptando seu dialeto por amor àqueles que estão a ser treinados. …

\119. Você ajuda aqueles que desejam machucá-lo, mais do que as pessoas comuns ajudam aquelas que desejam ajudá-las.

\120. Para um inimigo com a intenção de prejudicá-lo, você é tem uma intenção amiga de ajudá-lo. Você é devotado à procura de virtudes naqueles que estão sempre à procura de falhas. …

\124. Através de sua habilidade em meios, os duros se tornam gentis, os miseráveis se tornam generosos, e os cruéis se tornam ternos. …

\138. Você anunciou a destruição das impurezas e dissipou as ilusões de Māra. Você declarou as deficiências do saṃsāra, e apontou o lugar livre do medo.

\139. O que mais se pode fazer pelos seres vivos por aqueles com compaixão que desejam fazer o bem, que você ainda não deu, por bondade? …

\142. Por empatia pelo mundo, você espalhou o Dharma na Terra por um longo tempo. Você treinou muitos bons discípulos que são capazes de trazer o bem para o tríplice mundo 10.

\143. Você treinou pessoalmente muitos discípulos, o último dos quais foi Subhadra. Que dívida remanescente você tem para com os seres vivos?

\145. “Minha forma física e meu corpo de Dharma existem para o bem dos outros”, você disse. Mesmo no nirvāna, você mostra o caminho a este mundo descrente.

Śatapañcaśatka-stotra de Mātṛceṭa, trad. do sânscrito por D.S.

M.3 Louvor das infinitas boas qualidades do Tathāgata

Esta passagem vem depois que a Rainha Śrīmālā recebe uma carta enviada por seus pais da realeza, louvando as infinitas boas qualidades do Buddha.

A rainha recebeu a carta com respeito e com grande alegria, leu-a com interesse e a memorizou. Ela então falou estes versos ao mensageiro, Chandra:

Acabei de ouvir a palavra “Buddha”, uma palavra que não tinha sido ouvida antes neste mundo. Se o que se diz sobre ele for verdade, devo servi-lo e oferecer-lhe oferendas. Buddha, o Bem-Aventurado, você aparece pelo bem de todo o mundo. Por compaixão, revele-se a mim.

Assim que ela tinha dito essas palavras, o Buddha apareceu no céu logo acima dela, irradiando luz completamente pura, manifestando um corpo inconcebível.

A rainha Śrīmālā e o seu séquito curvaram-se diante do Buddha, com a cabeça aos seus pés, e elogiaram o grande Guia:

Nada no mundo se compara ao corpo maravilhoso do Tathāgata. É incomparável, inconcebível. É por isso que o honramos.

A forma do Tathāgata é infinita, assim como sua sabedoria. Seu Dharma é eterno, e então eu vou para o refúgio.

Com autodisciplina, tendo subjugado os males da mente, e os quatro males do corpo 11 Tendo atingido o estágio do inconcebível, eu me curvo perante você.

Você entende todos os fenômenos conhecíveis. Seu corpo de sabedoria é desobstruído. Não há fenômenos que o iludam. Eu me curvo diante de você.

Eu me curvo perante o imensurável. Eu me curvo perante o incomparável. Eu me curvo perante o auto-surgido Dharma. Eu me curvo perante o inconcebível.

Proteja-me, por compaixão, para que a semente do Dharma cresça em mim. Pela força do bem que fiz, nesta vida e na próxima, que o Buddha sempre me favoreça.

Śrīmālādevī-siṃhanāda Sūtra cap.1: *sūtra *48 do Mahā-ratnakūṭa Sūtra, Taishō vol.11, texto 353, p.217a16–217b10; cf. texto 310, pgs.672c24–673a18, trad. T.T.S. e D.S.

M.4 A natureza do despertar perfeito insuperável

Esta passagem retrata o despertar de um Buddha não como uma realização de qualquer coisa - pois é experimentado a partir de um profundo abandonar do apego que vê a impossibilidade de agarrar a realidade.

“Você acha, Subhūti, que existe um fenômeno que seja o insuperável e perfeito despertar do Tathāgata?”

O Venerável Subhūti respondeu: “Certamente não, Bem-Aventurado. Não existe nenhum fenômeno, Bem-Aventurado, que seja o insuperável e perfeito despertar do Tathāgata.

O Bem-Aventurado disse: “Exatamente, Subhūti, exatamente. Nem mesmo o mais minúsculo dos fenômenos pode ser identificado ou encontrado 12. É assim que a frase ‘insuperável, perfeito despertar’ é usada”.

Vajracchedikā Prajñāpāramitā Sūtra, seção22, trad. do sânscrito por D.S.


  1. Ou seja, aspectos não adoráveis das entranhas do corpo. ↩︎

  2. O composto Tathāgata pode ser interpretado de duas maneiras, seja como Tathā-gata “Assim Foi”, ou como Tathā-āgata “Assim Vem”. ↩︎

  3. Esta frase também pode ser interpretada como “Como ele atingiu o sutil, maravilhoso, verdadeiro Dharma” ↩︎

  4. O significado literal de sugato, como também traduzido nesta coletânea, é “O Afortunado”. ↩︎

  5. Sobre Māra, ver IVi.5 e 7. Os quatro tipos de coisas que são māra, “mortais”, são as cinco “categorias da existência” (coleções impermanentes de processos que compõem o corpo e a mente), a morte, uma deidade tentadora e impurezas como a ganância, o ódio e a ilusão. ↩︎

  6. Isso não inclui os Buddhas, que neste contexto não são considerados “deste mundo”. ↩︎

  7. O ciclo de renascimentos; o caminho para o perfeito estado de Buddha leva muito mais vidas do que o caminho para se tornar um arhant↩︎

  8. Uma pessoa espiritualmente desenvolvida é vista como um campo fértil no qual “plantar” uma doação, de modo que tenha abundantes frutos kármicos benéficos. ↩︎

  9. Os pares de opostos são: ganho e perda, fama e infâmia, louvor e culpa, prazer e dor. ↩︎

  10. Ou seja, a totalidade da existência condicionada: veja “três reinos” no Glossário. ↩︎

  11. Matar, roubar, má conduta sexual e mentir. ↩︎

  12. Como uma entidade substancial e independente. ↩︎


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